POESIA DA SEMANA
- celago2021
- 30 de set. de 2020
- 1 min de leitura
CANÇÃO DE OUTONO - Fernando Pessoa
No entardecer da terra, O sopro do longo outono Amareleceu o chão. Um vago vento erra, Como um sonho mau num sono, Na lívida solidão.
Soergue as folhas, e pousa As folhas volve e revolve Esvai-se ainda outra vez. Mas a folha não repousa E o vento lívido volve E expira na lividez.
Eu já não sou quem era; O que eu sonhei, morri-o; E mesmo o que hoje sou Amanhã direi: quem dera Volver a sê-lo! mais frio. O vento vago voltou.

Comments